Minhas últimas férias foram de 20 dias no final de agosto e início de setembro de 2018. Alguns fatores fizeram com que eu decidisse não utilizar o meu celular durante esses dias. O primeiro deles foi mais que um fator. Foi uma necessidade. Foi uma urgência. Eu sentia muito forte dentro de mim que eu pre-ci-sa-va ficar alguns dias longe do mundo online que tem me consumido. Quando uso a palavra “consumindo”, acredite, não estou exagerando. As vezes agradeço por ter nascido nos anos 80. Porque assim não faço parte da geração que antes de falar já está teclando. Tive meu primeiro celular aos 17 anos e vivi boa parte (muito boa!) da minha vida sem computador e internet. Lembro até hoje do nosso primeiro computador. Digo nosso porque o uso era dividido entre mim e meus 2 irmãos. A internet, na época, era discada. Nem sei se você que está lendo isso agora sabe o que era internet discada. Mas se você que está lendo sabe o que era, tenho certeza que veio à sua mente o barulhinho que fazia enquanto estava conectando (risos!). Para você que não sabe, explicarei rapidamente de um jeito bem leigo (porque nada entendo dessas coisas até hoje rs). Internet discada era uma internet bemmm lennnta que só podíamos utilizar durante a semana após à meia noite ou aos finais de semana. Para usá-la, conectávamos o cabo da internet ao telefone fixo (ai meu Deus …. muitos também já nem devem saber o que é um telefone fixo rs). Ou seja, para utilizá-la, ocupávamos o telefone e isso era motivo de sobra para os nossos pais começarem a reclamar e mandarem desligar o computador. Falando assim, parece algo da pré-história. Mas esse meu relato é do início dos anos 2000. O que significa que as coisas estão mudando muito rápido (mesmo!). Enfim, falei tudo isso só para reforçar que passei pelo menos 15 anos da minha vida sem acesso a computador, internet ou celular. E, às vezes, acho que isso me faz precisar ficar um tempinho longe desse mundo online tão acelerado quanto à minha mente.
E aqui entra o segundo motivo: minha mente já é acelerada demais e sinto que a rapidez e a urgência das informações que chegam pelo celular a deixam ainda mais acelerada. Considerando que já fazia um ano que eu tinha tirado férias, essa minha mente acelerada já estava dando “tiuti” e levantando a bandeirinha de “socorro, preciso de uma pausa”. E pausas para mim incluem ausência de internet e celular.
O terceiro motivo estava relacionado com o meu objetivo para essa viagem: estar totalmente presente na viagem em si. Por que? Porque conheceria lugares que eu sonhei conhecer durante toda a minha vida. Falarei desse sonho em outro post, mas para não parecer muito suspense (risos!), passamos alguns dias em Paris, outros em algumas cidades na Itália e finalizamos com dois dias em Amsterdã. Eu não queria que nada me distraísse. Que nada que não estivesse relacionado àqueles lugares me fizesse deixar passar alguma experiência ou imagem ou cheiro ou sensação ou som … eu queria aproveitar cada segundinho daquela viagem estando naquela viagem. E não com o corpo em um lugar e a mente em outro, sabe? E assim eu fiz! Ou melhor, assim vivi aquela viagem! E posso dizer? Melhor decisão que eu poderia ter tomado! Consegui dar à minha mente a pausa que ela tanto necessitava e percebi que, sem o celular, eu tinha tempo para um monte de coisa que eu gosto e precisava, como por exemplo: descansar, dormir, ler, escrever, não fazer nada, observar. Como assim não fazer nada, Cibelle? Assim: não fazendo nada. Alguns momentos sentava/deitava e ficava ali sem fazer nada.
Eu em um dos meus momentos “fazendo nada”!
Quanto ao observar … sou uma pessoa muito observadora! Quem me conhece, logo percebe essa característica. Sou a típica mineira calada no canto observando tudo. Disso, eu sempre soube. O que eu não sabia é que me permitir observar é capaz de me fazer tão bem. Gosto de observar pessoas, casas, obras de arte, o céu … Começo a imaginar quem são aquelas pessoas, o que fazem, como se conheceram …. quem mora naquelas casas, o que estão fazendo naquele momento … o que o artista estava pensando quando fez tal obra … se algum formato de alguma nuvem no céu naquele momento tem algo a me dizer …. nossa! Observando eu vou longe! E como é bom ir longe sozinha, quietinha, sem sair do lugar … e sem celular!
Espero que esse meu post te inspire a se desconectar do mundo online para se conectar mais com o mundo real. Seja durante uma viagem, em um final de semana ou no dia-a-dia. Por falar nisso, esses meus 20 dias sem celular me inspiraram a reduzir menos o uso do celular e, desde que voltei, estou feliz com o meu desempenho. Que assim eu continue rs ….
Um abraço acolhedor e até o próximo post.
Cibelle Magalhães